No final de janeiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, formalizou um acordo de cooperação com a Agência Internacional de Energia, buscando impulsionar a transição energética no Brasil e globalmente. Apesar desse passo, o país ainda carece de uma meta específica para abandonar os combustíveis fósseis.

Brasil não tem prazos para a redução dos gases de efeito estufa

Embora haja o comprometimento na busca por zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o Brasil não estabeleceu prazos intermediários para a redução do uso dessas fontes de energia. A meta climática brasileira, conhecida como NDC, abrange cortes em emissões para toda a economia, sem abordar prazos para setores específicos.

O Plano Clima, lançado em 2008 antes do Acordo de Paris, está desatualizado, com um novo plano previsto apenas para 2025. Durante o Fórum Econômico Mundial, Silveira expressou confiança de que o petróleo continuará sendo uma fonte importante por duas a três décadas, mas essa perspectiva não se traduziu oficialmente em uma meta brasileira.

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, destaca a falta de coesão na política energética, observando que, até 2030, a abordagem atual é mais de expansão do uso de combustíveis fósseis do que de transição energética.

Menor parte dos recursos são alocados para energia limpa

A disparidade é evidente no Novo PAC, onde a maior parte dos recursos destinados ao eixo de transição e segurança energética vai para a indústria de petróleo e gás (64%), enquanto apenas 12% são alocados para a geração de energia limpa.


Embora o Brasil se destaque na matriz elétrica com 87% de fontes renováveis em 2022, o país é o oitavo maior produtor mundial de petróleo. O plano energético prevê aumentos significativos na produção de petróleo e gás até 2032.


Ricardo Baitelo, do Instituto Energia e Meio Ambiente, destaca a contradição entre a matriz mais limpa e o investimento em fontes poluentes. Ele ressalta que há cenários indicando que o Brasil poderia alcançar 100% de eletricidade renovável em 2035, aproveitando a vantagem atual de 93% de renováveis.

Em resposta, o Ministério de Minas e Energia destaca que a transição energética não pode ser abrupta, afirmando que o mundo continuará dependendo de petróleo por décadas. O ministério ressalta investimentos em biocombustíveis e leilões de transmissão de energia elétrica.

A necessidade de uma estratégia abrangente até 2025 para definir medidas e políticas climáticas, aliada ao avanço dos investimentos em combustíveis fósseis, coloca o Brasil em sintonia com outros países dependentes dessas fontes. No entanto, exemplos como a Espanha e o Chile, que estabeleceram metas e políticas para encerrar a produção de combustíveis fósseis, destacam alternativas possíveis para impulsionar a transição energética.

Fonte: Folha de São Paulo

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