Após a crise elétrica de 2021, o governo federal adotou uma postura mais cautelosa em 2024, autorizando o uso antecipado de usinas termelétricas. O objetivo é garantir que o país não enfrente novas situações críticas no fornecimento de energia, mesmo com os níveis dos reservatórios ainda dentro de uma faixa considerada segura. Essa decisão, no entanto, pode impactar o preço da energia, especialmente para indústrias.

Acionamento antecipado de termelétricas

Na última semana, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deu sinal verde para que o Operador Nacional do Sistema (ONS) ativasse usinas a gás natural fora da ordem de mérito, o que inclui usinas como Santa Cruz e Linhares. Essa autorização permite que usinas menos competitivas em termos de custo entrem em operação para garantir a estabilidade do sistema elétrico, mesmo que os preços dessas fontes de energia sejam mais elevados.

Estratégia preventiva 

Atualmente, os níveis dos principais reservatórios de energia do Brasil estão acima de 50%, com exceção do Norte, onde a capacidade está próxima de 80%. O ONS, porém, está focado em evitar um cenário de crise em 2025, o que justifica a estratégia de preservar a água e acionar termelétricas como medida preventiva. O acionamento dessas usinas pode ser feito com um dia de antecedência, ajudando a garantir o fornecimento contínuo de energia nos horários de pico, como no início da noite.

Alternativas de resposta da demanda

Para alguns especialistas, uma solução mais econômica seria a adoção de programas de resposta da demanda, onde grandes consumidores ajustam seu uso de energia em horários críticos. Essa prática, amplamente utilizada em países como Austrália e Estados Unidos, poderia reduzir a necessidade de ativação de usinas térmicas, diminuindo o custo da eletricidade para todos os consumidores.

Ao optar por essa antecipação, o governo busca evitar os erros do passado, mas o impacto financeiro será sentido no curto prazo. Com o foco na segurança energética, o desafio será equilibrar a economia de água nos reservatórios com a gestão dos custos para os consumidores e a indústria.

 

Fonte: Folha de S.Paulo