Notícias do Setor
23 de julho, 2024
LEITURA DE 5MIN
O que é Open Energy e como as práticas internacionais podem influenciar o mercado
Estudo da Abraceel revela como o conceito de Open Energy pode transformar o mercado energético brasileiro
A Abraceel, em colaboração com a Bip Group, conduziu um evento exclusivo para suas empresas associadas, onde detalhou um estudo abrangente sobre as melhores práticas de Open Energy em mercados internacionais avançados. Este estudo é um passo crucial para entender como o Brasil pode adotar práticas semelhantes, assegurando privacidade e segurança para os consumidores.
Entendendo o Open Energy
Open Energy é um conceito onde os dados dos consumidores são de sua propriedade e podem ser compartilhados entre os agentes do setor elétrico com o consentimento dos mesmos. A Abraceel está na vanguarda da defesa deste modelo no Brasil, propondo sua adoção à Aneel.
Foco do estudo
O estudo realizado pela Bip Group visou explorar como os mercados mais avançados compartilham dados de consumo de energia. As descobertas foram essenciais para a contribuição da Abraceel na Consulta Pública 28/2023 da Aneel, que busca aprimorar a comercialização varejista. A pesquisa foi dividida em cinco áreas principais:
- Público: Identificação dos consumidores e destinatários das informações.
- Tipos e usos dos dados: Análise dos tipos de dados e seus usos em diferentes países.
- Tecnologia de comunicação: Modelos de comunicação e padrões de segurança adotados.
- Governança: Estrutura de governança e regulamentação.
- Privacidade e segurança: Gestão de privacidade e incidentes.
Exemplos de sucesso ao redor do mundo
Reino Unido
Desde 1998, o Reino Unido implementou a ElectraLink, uma associação privada e sem fins lucrativos, criada pelas distribuidoras de energia para facilitar o compartilhamento de dados de consumo de forma eficiente.
Em 2019, foi criada a Icebreaker One, uma iniciativa voluntária que utiliza APIs para compartilhar dados detalhados dos Smart Meters. O objetivo era modernizar o sistema energético, fomentar a inovação e facilitar a transição para uma economia de baixo carbono, promovendo a concorrência e o empoderamento dos consumidores.
Estados Unidos
O Green Button, iniciado em 2012, permite que consumidores acessem e compartilhem seus dados de consumo de energia. A iniciativa voluntária facilita o acesso a dados em formatos CSV e XML, trazendo mais autonomia para os consumidores, proporcionando-lhes fácil acesso aos seus dados de consumo e permitindo que eles tomem decisões mais informadas sobre o uso de energia.
Essa iniciativa é parte do esforço do governo norte-americano para promover a transparência e a competitividade no setor energético.
Portugal
Desde 2017, Portugal adotou sites para comparação de ofertas de energia, embora sem integração total de dados. A principal iniciativa foi a criação de sites de comparação de ofertas dos comercializadores varejistas de energia, facilitando a mudança de fornecedor por parte dos consumidores.
A falta de mecanismos facilitados de troca de dados de consumidores para cotações ainda é um desafio, mas a iniciativa representa um passo importante para a digitalização do setor energético em Portugal.
Austrália
A Austrália lançou o Consumer Data Right (CDR) em 2018, inicialmente focado no setor bancário com o movimento do Open Banking. Em 2022, o CDR foi expandido para incluir o setor de energia. O modelo adotado é voluntário para consumidores e pequenos varejistas, mas obrigatório para grandes varejistas.
A iniciativa visa empoderar os consumidores e as empresas, proporcionando-lhes acesso seguro aos dados de consumo de energia.
No Brasil
No Brasil, o Open Finance e o Open Insurance foram implementados para aumentar a transparência e a inovação no setor financeiro e de seguros, utilizando APIs para o compartilhamento de dados.
Open Finance
O Open Finance no Brasil começou a ser delineado pelo Banco Central em 2019, com as etapas iniciais de implantação iniciadas em 2021. Esse modelo é mandatório e os interessados podem participar como voluntários.
Ele permite o compartilhamento de dados financeiros, incluindo informações cadastrais, saldo, extrato, fatura, crédito, e dados transacionais, como limite de cartão de crédito, transações, empréstimos e investimentos. Os dados são compartilhados por meio de APIs, permitindo que terceiros autorizados iniciem transações diretamente da conta do cliente.
Open Insurance
O Open Insurance, iniciado em 2022, segue uma abordagem semelhante ao Open Finance, visando promover maior transparência, competitividade e inovação no setor de seguros. O modelo é mandatório e os interessados podem participar como voluntários.
Ele permite o compartilhamento de dados cadastrais e transacionais, como informações gerais do contrato, prêmios e sinistros de diversos produtos de seguros.
Conclusão
O estudo da Abraceel destaca como o Open Energy pode transformar o mercado energético brasileiro, empoderando consumidores e promovendo a digitalização e a inovação. A adoção de práticas internacionais bem-sucedidas pode trazer inúmeros benefícios ao Brasil.
Fonte: Abraceel