homem segurando lâmpada e energia eólica

A Abraceel, em colaboração com a Bip Group, conduziu um evento exclusivo para suas empresas associadas, onde detalhou um estudo abrangente sobre as melhores práticas de Open Energy em mercados internacionais avançados. Este estudo é um passo crucial para entender como o Brasil pode adotar práticas semelhantes, assegurando privacidade e segurança para os consumidores.

Entendendo o Open Energy

Open Energy é um conceito onde os dados dos consumidores são de sua propriedade e podem ser compartilhados entre os agentes do setor elétrico com o consentimento dos mesmos. A Abraceel está na vanguarda da defesa deste modelo no Brasil, propondo sua adoção à Aneel.

Foco do estudo

O estudo realizado pela Bip Group visou explorar como os mercados mais avançados compartilham dados de consumo de energia. As descobertas foram essenciais para a contribuição da Abraceel na Consulta Pública 28/2023 da Aneel, que busca aprimorar a comercialização varejista. A pesquisa foi dividida em cinco áreas principais:

  • Público: Identificação dos consumidores e destinatários das informações.
  • Tipos e usos dos dados: Análise dos tipos de dados e seus usos em diferentes países.
  • Tecnologia de comunicação: Modelos de comunicação e padrões de segurança adotados.
  • Governança: Estrutura de governança e regulamentação.
  • Privacidade e segurança: Gestão de privacidade e incidentes.

Exemplos de sucesso ao redor do mundo

Reino Unido

Desde 1998, o Reino Unido implementou a ElectraLink, uma associação privada e sem fins lucrativos, criada pelas distribuidoras de energia para facilitar o compartilhamento de dados de consumo de forma eficiente. 

Em 2019, foi criada a Icebreaker One, uma iniciativa voluntária que utiliza APIs para compartilhar dados detalhados dos Smart Meters. O objetivo era modernizar o sistema energético, fomentar a inovação e facilitar a transição para uma economia de baixo carbono, promovendo a concorrência e o empoderamento dos consumidores.

Estados Unidos

O Green Button, iniciado em 2012, permite que consumidores acessem e compartilhem seus dados de consumo de energia. A iniciativa voluntária facilita o acesso a dados em formatos CSV e XML, trazendo mais autonomia para os consumidores, proporcionando-lhes fácil acesso aos seus dados de consumo e permitindo que eles tomem decisões mais informadas sobre o uso de energia. 

Essa iniciativa é parte do esforço do governo norte-americano para promover a transparência e a competitividade no setor energético.

Portugal

Desde 2017, Portugal adotou sites para comparação de ofertas de energia, embora sem integração total de dados. A principal iniciativa foi a criação de sites de comparação de ofertas dos comercializadores varejistas de energia, facilitando a mudança de fornecedor por parte dos consumidores.

A falta de mecanismos facilitados de troca de dados de consumidores para cotações ainda é um desafio, mas a iniciativa representa um passo importante para a digitalização do setor energético em Portugal.

Austrália

A Austrália lançou o Consumer Data Right (CDR) em 2018, inicialmente focado no setor bancário com o movimento do Open Banking. Em 2022, o CDR foi expandido para incluir o setor de energia. O modelo adotado é voluntário para consumidores e pequenos varejistas, mas obrigatório para grandes varejistas. 

A iniciativa visa empoderar os consumidores e as empresas, proporcionando-lhes acesso seguro aos dados de consumo de energia.

No Brasil

No Brasil, o Open Finance e o Open Insurance foram implementados para aumentar a transparência e a inovação no setor financeiro e de seguros, utilizando APIs para o compartilhamento de dados.

Open Finance 

O Open Finance no Brasil começou a ser delineado pelo Banco Central em 2019, com as etapas iniciais de implantação iniciadas em 2021. Esse modelo é mandatório e os interessados podem participar como voluntários. 

Ele permite o compartilhamento de dados financeiros, incluindo informações cadastrais, saldo, extrato, fatura, crédito, e dados transacionais, como limite de cartão de crédito, transações, empréstimos e investimentos. Os dados são compartilhados por meio de APIs, permitindo que terceiros autorizados iniciem transações diretamente da conta do cliente.

Open Insurance

O Open Insurance, iniciado em 2022, segue uma abordagem semelhante ao Open Finance, visando promover maior transparência, competitividade e inovação no setor de seguros. O modelo é mandatório e os interessados podem participar como voluntários. 

Ele permite o compartilhamento de dados cadastrais e transacionais, como informações gerais do contrato, prêmios e sinistros de diversos produtos de seguros. 

Conclusão

O estudo da Abraceel destaca como o Open Energy pode transformar o mercado energético brasileiro, empoderando consumidores e promovendo a digitalização e a inovação. A adoção de práticas internacionais bem-sucedidas pode trazer inúmeros benefícios ao Brasil.

Fonte: Abraceel