Usina de Furnas

O reservatório de Furnas atingiu neste sábado, 8 de abril, a marca de 100% do seu volume útil. A informação foi divulgada pela concessionária da hidrelétrica. A última vez que tal marca foi atingida foi no dia 13/03/2011.

Localizada no município de São José da Barra, Minas Gerais, a usina de Furnas foi construída na década de 60 e possui a capacidade de gerar até 1.216 MW. O reservatório de Furnas é o terceiro maior do país com capacidade de armazenar até 17.217 hm³ (mais de 17 trilhões de litros), a água armazenada nesse reservatório abastece outras 12 usinas do Rio Grande e do Rio Paraná, incluindo a usina de Itaipu.

A situação atual representa um alívio depois de vários anos em uma situação complicada. O reservatório chegou a ficar em 8,86% em 2017 e no auge da crise hídrica em 2021 chegou a 13,6%. Desde então, as melhorias das condições meteorológicas e os esforços do ONS para poupar os reservatórios mudaram drasticamente a situação.

Crise Hídrica

Desde a última vez em que o reservatório atingiu tal marca, os períodos úmidos apresentaram chuvas abaixo da média histórica, especialmente a partir de 2013, como mostrado na figura abaixo. Com o déficit consecutivo de chuvas nos anos seguintes, o cenário tornou-se cada vez mais seco, agravando-se até setembro de 2021, quando foi implementada a bandeira de escassez hídrica.

Redução das Vazões

Dado o cenário apresentado, o volume de água nos rios diminuiu drasticamente. Em função disso, o governo criou a Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (CREG), que instituiu uma série de medidas para conter o rápido esvaziamento dos reservatórios. Destacam-se a limitação da vazão defluente nas principais usinas dos rios Grande, Paranaíba e Paraná, incluindo a própria usina de Furnas, conforme já comentamos aqui.

Melhoria das Condições

A partir de outubro de 2021, as chuvas voltaram a ser mais frequentes na bacia do Rio Grande, ultrapassando novamente a média histórica mensal, conforme mostrado na figura a seguir do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE).

Apesar de as chuvas não terem se mantido acima da Média de Longo Termo durante o período úmido entre 2021 e 2022, foram registradas chuvas volumosas nos meses de dezembro do ano passado até fevereiro deste ano, responsáveis por melhorias expressivas nas condições do Sistema Interligado Nacional como um todo.

Vertimento e controle de cheia

Diante da melhoria das afluências e do rápido aumento do volume, o reservatório de Furnas entrou em estado de controle de cheias, mantendo as comportas do vertedouro abertas por mais de dois meses. Ao atingir a marca de 100% no sábado, as comportas foram reabertas.

Para fins comparativos, cerca de 6 trilhões de litros não foram aproveitados para geração, o que corresponde a 35% da capacidade útil de armazenamento. Furnas estava sem vertimento desde fevereiro de 2014 e registrou, em fevereiro de 2023, a maior média de vertimento do histórico desde 2000, com uma média de 1286 m³/s no mês, superando o maior vertimento médio mensal já registrado em fevereiro de 2009 (1242 m³/s).

O controle de cheias é um estado em que o operador reserva uma parte do volume do reservatório para comportar um eventual aumento de vazões devido a uma chuva muito forte, evitando assim a inundação das áreas próximas à usina. No caso de Furnas, o controle de cheias busca evitar a inundação de casas ribeirinhas e de um porto de areia próximo a Porto do Glória.

Continue acompanhando o blog e fique por dentro das novidades do mercado elétrico!


Leia também: Bioeletricidade supera térmicas a gás na oferta de energia elétrica em 2022