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06 de novembro, 2024
LEITURA DE 4MIN
Usinas para reserva de capacidade no setor elétrico Brasileiro
Com o fim do horário de verão, entenda como o modelo de reserva de capacidade ajuda a sustentar o sistema elétrico em momentos de alta demanda.
O sistema elétrico nacional exige estratégias alternativas para atender ao pico de consumo que ocorre no início da noite, quando há maior demanda e queda na produção solar. Por isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) propõe a contratação de usinas no modelo de “reserva de capacidade”, uma abordagem que assegura a disponibilidade de energia em condições extremas.
A função da reserva de capacidade
Bernardo Folly Aguiar, superintendente de Geração de Energia na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), explica que o leilão de reserva de capacidade é uma medida de “ajuste” pensada para garantir a segurança do suprimento de energia. Essas usinas atuam como um seguro para atender ao sistema em momentos de pico de demanda ou de baixa geração renovável. Essa medida será reforçada a partir de um leilão de contratação de novas usinas em 2024, projetado para contemplar períodos de escassez e oscilações na geração de energia solar e eólica, por exemplo.
A contratação pode ocorrer de duas maneiras:
Energia: Atende à demanda quando a geração disponível não é suficiente.
Potência: Fornece um suprimento imediato em momentos específicos de alta demanda.
Renato Haddad Machado, também da EPE, destaca que essa reserva é crítica para períodos de máximo consumo ou quando as renováveis diminuem de maneira abrupta — como em dias nublados, que limitam a energia solar, ou em períodos sem vento, afetando a eólica.
Que tipos de usinas podem atuar como reserva de capacidade?
Para oferecer essa segurança, as usinas contratadas precisam fornecer uma geração contínua. Como resultado, as usinas solares e eólicas não entram na modalidade de reserva de capacidade devido à sua dependência do clima. Para o leilão deste ano, as principais fontes serão termelétricas e hidrelétricas. Apesar das incertezas trazidas pela seca, Aguiar afirma que a diversidade das fontes é benéfica para o sistema.
Além disso, a EPE identificou que 14 hidrelétricas já existentes poderiam ser ampliadas para incluir essa capacidade de reserva no leilão de 2024, oferecendo uma alternativa competitiva e mais econômica. “Essas usinas têm parte da infraestrutura pronta para atender a essa necessidade e podem entregar essa potência extra com custo reduzido”, explicou Aguiar.
Baterias: oportunidade para futuras fontes renováveis
Para tornar a energia solar e eólica mais competitiva na reserva de capacidade, o governo planeja realizar um leilão específico de baterias em junho de 2025. Com isso, será possível armazenar energia de fontes renováveis e utilizá-la de forma mais eficaz nos horários de pico, minimizando a dependência das fontes de reserva tradicionais.
Como a reserva de capacidade impacta o consumidor
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou o Encargo de Potência para Reserva de Capacidade (ERCAP), que cobre os custos de contratação das usinas e é rateado entre todos os consumidores, proporcional ao consumo de cada um. Com a antecipação da entrada em operação da usina termelétrica Termopernambuco, devido à escassez hídrica, o ERCAP será cobrado já a partir de novembro de 2024.
Essa antecipação evidencia a necessidade urgente de estabilizar o fornecimento diante das flutuações no regime hídrico do país e assegurar que o sistema elétrico permaneça estável e seguro para todos.
Fonte: G1